Colaborador de Projeto de Extensão da UEL recebe Prêmio Betinho 2012

por Isabela Cunha


Foi realizada nesta sexta-feira, 17, a cerimônia de entrega do "Prêmio 2012 Betinho Atitude Cidadã", que homenageou Marcelo Casanova, colaborador do Projeto de Extensão "Ações multidisciplinares para estruturação familiar e inclusão social em bairros pobres do município de Londrina", coordenado pela professora Maria Luiza Marinho Casanova, do Departamento de Psicologia Geral e Análise do Comportamento.

O COEP começou, há 19 anos, como uma instituição de combate à fome. “Hoje o projeto é uma rede de mobilização de instituições e pessoas, que visa, em âmbito nacional, a inclusão social de todas as formas, seja de capacitação profissional, inclusão digital, sem ignorar, é claro, o combate a fome”, quem explica é Alexandre Cattelan, representante do COEP e presidente da Embrapa. Alexandre ainda chama atenção para o fato de o COEP não movimentar dinheiro, mas ser, na verdade, um articulador. “Na verdade nós fazemos o intermédio entre as instituições parceiras e as instituições apoiadas. A necessidade de uma e a oferta da outra, arrecadando produtos ou serviços voluntários e não dinheiro de fato”.

O Prêmio Betinho Atitude Cidadã está em sua segunda edição, é uma iniciativa que se repete nas 29 regiões do país em que o COEP atua e é uma idealização da própria Rede. Ainda segundo Cattelan, o objetivo do prêmio não é apenas o prestígio, mas principalmente garantir visibilidade ao projeto premiado e aos projetos indicados. “O que a gente espera é que o projeto seja conhecido, passe a receber maior apoio depois da premiação”, conclui.

Por essas e outras razões, o projeto “Ações Multidisciplinares para Estruturação Familiar e inclusão social em bairros pobres de Londrina” recebeu o prêmio Betinho 2012. O projeto atua em bairros pobres, principalmente na região do Morro do Carrapato, na zona leste de Londrina. Segundo Marcelo Casanova, idealizador e realizador do projeto, o “Ações Multidisciplinares” atende crianças de 6 a 12 anos e as principais atividades se relacionam à alimentação e à educação: “A gente tem crianças que começaram conosco há dois anos, quando tinham 12, mas não pararam de ir, então você pode olhar aqui e ver alguns mais velhos, que já tem 14, mas continuam sendo atendidos porque a gente acha importante ter eles junto da gente”, explica Marcelo.

Sobre o início do projeto, Casanova conta que tudo acabou se misturando com a vida pessoal dele e da esposa. “O projeto começou antes de eu me casar com a Maria Luiza. Eu a conheci pela minha irmã, ela passou um email pra mim e aí, como a gente não tinha muito assunto, porque a gente não se conhecia, a gente contava muita coisa pessoal, da vida, da história, as vontades, os desejos, e aí a gente foi percebendo que muitas coisas que existiam no meu coração, existiam no coração dela também.” Na prática o projeto começou quando Marcelo entregava frutas e verduras nos bairros. Depois de um tempo comprando e entregando os alimentos, os donos do mercado passaram a doar as verduras que, segundo Marcelo, chegavam a uma média de 300 quilos. “Quando a oferta aumentou, a gente teve que aumentar a demanda, e assim fomos entrando no morro, conhecendo as famílias, as dificuldades de cada uma, quem era mãe, pai, etc”

As maiores dificuldades encontradas, segundo o casal, estão relacionadas à desestruturação familiar e ao tráfico. “São muitas crianças sendo aliciadas pelo tráfico, muitas mães viciadas em crack, chegando até a vender a comida que a gente doava. Por isso, hoje, as crianças almoçam no projeto e levam pra casa uma marmitinha pronta, que eles só precisam esquentar”, explica Marcelo.

Além disso, o Projeto ainda se foca intensamente na educação das crianças, que, segundo Casanova, chegam à terceira ou à quarta série sem saber ler ou escrever. “A gente foi dar um reforço e ficou assustado, porque não tinha o que reforçar, as crianças não tinham a base, não escreviam, não liam, e aí a gente teve que fazer um trabalho bem mais intenso nesse sentido”.

Ainda assim, para Marcelo e Luisa, o principal apoio que se pode oferecer a essas crianças não está na capacitação ou na alimentação, “Num determinado momento a gente começou a perceber que o que elas mais precisavam era de atenção, só das pessoas estarem lá, abraçarem as crianças, pegarem na mão, conversarem... isso é a necessidade básica. E isso está muito relacionado com o bem que essa criança ta sentindo. Você dá o bem e essa criança conhece o bem. Esse é o elo mais forte do projeto”.

O projeto “Ações Multidisciplinares para Estruturação Familiar e inclusão social em bairros pobres de Londrina” foi premiado tendo apenas dois anos de atividade, para Marcelo isso representa, mais que a parabenização pelo que já foi feito, as realizações que o projeto ainda tem pela frente. “Eu vejo isso como um apontamento pra onde eu posso chegar. Se com esse tempo a gente já nota as mudanças na realidade dessas crianças, o principal é continuar trabalhando, eu tenho mais idéias na cabeça, coisas bem bonitas que eu espero realizar, quero envolver mais gente, e conseguir mudanças maiores e melhores para as crianças, é por isso que eu estou aqui!”.



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