Feirinha da Cidadania: extensão cultural e cidadã na Universidade

“Já faz uns cinco anos que participamos da Feirinha. A gente sempre vem em duas pessoas. Outras mulheres também plantam e vêm, então revezamos”. Sueli de Santos mora no assentamento Iraci Salete, em Alvorada do Sul. Ela participa do projeto de extensão “Assistência Técnica em Produção e Sanidade Animal em Assentamentos Rurais”, da UEL (Universidade Estadual de Londrina), que trabalha no Iraci Salete. A cada quinze dias, expositores vêm de Alvorada do Sul até Londrina para participar da Feirinha da Cidadania.

Moradores do assentamento Iraci Salete comercializam
frutas, verduras e legumes orgânicos na Feirinha da Cidadania

A Feirinha da Cidadania é coordenada pela PROEX (Pró-reitoria de Extensão), com apoio da INTES (Incubadora Tecnológica de Empreendimentos Solidários) e do Programa de Economia Solidária da Prefeitura de Londrina. Ela é organizada desde 2012 e acontece quinzenalmente no pátio do RU (Restaurante Universitário) e ao lado do estacionamento da Reitoria da UEL. A inspiração veio da antiga FESTA (Feira de Economia Solidária e Trabalhos Artísticos), realizada entre 2002 e 2006.

A Feirinha conta com expositores do assentamento Iraci Salete; de grupos do Programa de Economia Solidária; da INTES; da Fazenda Escola; da EDUEL (editora da Universidade); e outros vinculados a projetos de extensão da UEL. A campanha “Gente do Bem”, responsável por arrecadar roupas e comida, também está sempre na Feirinha.

Na última sexta-feira, dia 17, a Feirinha foi ao lado da Reitoria, com expositores do assentamento Iraci Salete e do Programa de Economia Solidária. Sueli expõe frutas, verduras e legumes orgânicos, plantados no quintal de casa, assim como geleias, condimentos, velas, pamonhas, ervas medicinais. “Eu não uso veneno em nada”, diz ela. A UEL disponibiliza transporte aos assentados para virem e voltarem de Alvorada do Sul.



 “O pessoal da UEL nos levou para fazer curso de cultivo de milho, aprendemos a fazer velas, sabonetes, vamos aprender a fazer linguiça”, diz Sueli. “Sempre vão em casa”, fala ela sobre os alunos e professores de projetos de extensão. “Eu faço comida e almoçamos juntos”. Grande parte do alimento consumido pela família de Sueli é cultivada no próprio quintal e propicia um aumento na renda deles, assim como a comercialização de outros produtos fabricados em casa. Ela agora tenta adotar uma criança. “Na semana passada, uma assistente social foi em casa. Queremos adotar uma criança de até três anos, é mais fácil para se acostumar com o nosso estilo de vida”, explica Sueli.

PROJETO PREMIADO
Em 2015, o projeto de extensão “Assistência Técnica em Produção e Sanidade Avícola em Assentamento Rural visando a Produção Sustentável” venceu o Prêmio Santander. Ele foi desenvolvido no CCA (Centro de Ciências Agrárias) e beneficiou 64 famílias do assentamento Iraci Salete.

Segundo a professora Ana Maria Bridi, uma das coordenadoras do projeto, a proposta surgiu da necessidade de certificar os ovos produzidos no assentamento e comercializados na Feirinha. Em um segundo momento, identificaram a necessidade de aprimorar e profissionalizar a produção de carne de frango no Iraci Salete.

Os vencedores receberam R$ 100 mil e bolsas de estudo. O dinheiro está sendo investido na construção de um abatedouro de aves no assentamento. A intenção é garantir a inclusão do Iraci Salete no Programa Nacional de Alimentação Escolar. O Programa prevê que 30% da merenda escolar seja adquirida de pequenos produtores rurais. Esta comercialização pode garantir um incremento de 30% na renda das famílias atendidas pelo projeto. Segundo Sueli, o abatedouro ainda não foi feito por causa de trâmites do Governo. O INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) ainda precisa autorizar a construção. “Meu marido está mais interado do assunto. Nessa semana, ele vai para São Paulo com professores da UEL, resolver algumas coisas com o Santander (relacionadas ao prêmio de R$ 100 mil)”, diz ela.

CIDADANIA SOLIDÁRIA
O Programa de Economia Solidária é uma iniciativa da Prefeitura de Londrina e existe desde 2005. O objetivo é apoiar iniciativas coletivas de geração de trabalho e renda local. O público atendido pela Assistência Social é prioridade. A Economia Solidária é dividida em quatro áreas: artesanato, prestação de serviços, alimentação e confecção. Os grupos participantes recebem auxílio técnico para o aprimoramento dos produtos ofertados.

Maria Zelatto é participante do Programa Municipal Economia Solidária.
Ela vende pijamas na Feirinha da Cidadania desde 2012


Maria Zelatto participa do Economia Solidária e comercializa produtos na Feirinha da Cidadania desde 2012. Expositores do Programa também levam artesanatos, crochês, pães, doces. Maria faz pijamas. “Nós temos alguns pontos de venda. Na Rio de Janeiro com a JK, no Cinco Conjuntos”, diz, citando outros lugares onde seus produtos são comercializados.

O Programa de Economia Solidária é um dos apoiadores da PROEX na realização da Feirinha da Cidadania.

A próxima edição da Feirinha da Cidadania será no dia 7 de abril, uma sexta-feira, ao lado do estacionamento da Reitoria, das 9h30 às 13h30. Produtos de fabricação manual e alimentos orgânicos serão expostos. Mais informações sobre a feira pelo telefone (43) 3371-4592.

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