Projeto amplifica vozes populares
Agência UEL
Juliana Felix*
A partir de material audiovisual, participantes buscam evidenciar as formas de resistência de lideranças populares, religiosas e de partidos políticos
Juliana Felix*
A partir de material audiovisual, participantes buscam evidenciar as formas de resistência de lideranças populares, religiosas e de partidos políticos
"Falar de direitos básicos ameaçados, direitos e falar sobre o combate ao preconceito, racismo e homofobia será sempre atual", afirma o professor Eliel Ribeiro Machado |
Organizar-se para reivindicar
direitos e mudanças é uma das formas de combater a desigualdade social e
lutar por direitos civis, sociais, econômicos e inclusão social. Nos
últimos anos manifestações têm sido frequentes, a fim de se opor a
alterações ocorridas na política nacional e que ferem direitos
fundamentais.
Pensando em grupos que lideram essas
manifestações e que representam grande parte da população, o projeto de
extensão "Amplificador de Vozes de Lideranças Populares, Religiosas e de
Partidos Políticos: Democracia e Direitos no Governo de Michel Temer"
busca criar um material que auxilie, política e culturalmente, os
próprios movimentos populares espalhados pelo Brasil. Coordenado pelo
professor Eliel Ribeiro Machado e vinculado ao Departamento de Ciências
Sociais, teve início em dezembro de 2016 e tinha previsão de ser
finalizado em dois anos. No entanto, houve prorrogação e encerrará no
meio deste ano.
O projeto é a continuação do XXIX SEMINÁRIO LUTAS
& RESISTÊNCIAS: Crise política e onda conservadora no Brasil: há
luz no fim do túnel?, realizado em 2016 e que reuniu um grande público
no Anfiteatro Maior do Centro de Ciências Humanas da UEL. Ambas as
iniciativas partem da conjuntura do país em 2016 e, como esclarece o
docente, o projeto nasceu da necessidade de ir além das mesas redondas
que aconteceram nas três noites do Seminário, e criar um espaço para que
as lideranças de movimentos sociais pudessem ter voz e contribuíssem
com outros grupos representativos.
O trabalho busca entender como lideranças locais,
regionais e até mesmo lideranças internas da Universidade Estadual de
Londrina lidaram com as significativas mudanças que passaram a ocorrer
com a ascensão do presidente Michel Temer após o impeachment de Dilma
Rousseff. "A diretiva do governo de Temer foi de suprimir direitos
consagrados na Constituição de 1988 e uma onda de manifestações
populares passou a ocupar as ruas do país por conta disso", aponta o
coordenador.
Inúmeras manchetes como "Manifestações pedem
'fora Temer' em 19 estados e no DF" foram publicadas nos jornais do país
inteiro quando Michel Temer tomou posse. Manisfestantes foram às ruas
pedir eleição imediata e a queda do presidente. As principais motivações
que levaram aos protestos foram envolvimento com escândalos de
corrupção e as reformas propostas aos trabalhadores.
Com material essencialmente audiovisual, o
projeto tem o objetivo não só de amplificar a voz, mas também evidenciar
o descontentamento e as formas de resistência. "É um espaço para que
vozes sejam ouvidas, já que os meios pelos quais elas atuam são
ignorados pela mídia", explica o docente. A partir de entrevistas e
rodas de conversas com lideranças internas e externas à UEL, as
gravações - algumas já postadas na página do Facebook "Amplificador de
Vozes" - estão em processo de transcrição para a criação de um livro.
Os encontros foram realizados no Laboratório de
Tecnologia Educacional da UEL. Ao todo foram gravadas entrevistas com
nove lideranças, entre elas representantes de grupos como:
Sindiprol/Aduel, Partido dos Trabalhadores, movimento LGBT, Diretório
Central dos Estudantes da UEL, Partido Socialismo e Liberdade de
Londrina (PSOL) e Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Foram discutidos pontos como descontentamento político, educação,
militância, direitos humanos, resistência efetiva, políticas públicas e
posicionamento dos movimentos direcionados às mudanças que ocorreram com
o novo governo, como reforma trabalhista, reforma da Previdência e
impactos acerca dos direitos sociais.
Como pontua o professor, o tema do projeto não
perde sua atualidade."Falar de direitos básicos ameaçados, direitos
presentes na constituição, e falar sobre o combate ao preconceito,
racismo e homofobia, será sempre atual". Como o intuito, desde o início,
é disseminar esses conteúdos e atingir diferentes públicos, Eliel
acredita que pessoas serão efetivamente alcançadas quando o trabalho
estiver completo, com todas as entrevistas publicadas e com uma
divulgação significativa.
LIVRO
Como resultado da trajetória do projeto de quase
três anos, em 2020 será lançado um livro com o tema que inspirou o
trabalho. Através de e-book e também na versão impressa, a obra, segundo
o professor, servirá de conteúdo para lideranças de movimentos sociais e
sindicais.
O professor afirma que poderá servir como
pesquisa, mas não será totalmente acadêmico. "O propósito é atingir a
grande massa e difundir temas pouco debatidos. Com o livro queremos
oferecer o acesso a entrevistas bem exploradas através de uma
pluralidade de vozes", acrescenta.
Segundo Eliel, a obra deverá ser publicada pela
Editora da Universidade Estadual de Londrina, responsável pela
publicação de centenas de livros acadêmicos. A obra é avaliada por dois
revisores, em avaliação às cegas, e depois deve ser aprovada pelo
Conselho Editorial.
* Estagiária de Jornalismo na COM
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